Karl Lagerfeld e Eça de Queirós


Em 2010, Karl Lagerfeld foi convidado para editor por um dia da revista francesa Madame Figaro, lançada em plena Semana da Moda de Paris em Setembro. Nada de estranhar, tendo em conta o peso de Karl no mundo da moda. Por entre escolhas e grafismos mais ou menos óbvios o mais curioso nessa edição surgia umas páginas mais à frente. Anos antes de Portugal se tornar no paraíso de reformados, estilistas e futebolistas franceses já Karl Lagerfeld andava de olho em Portugal, mais precisamente na obra de Eça de Queiróz, um dos seus escritores favoritos. “Li o seu livro mais famoso, “Os Maias”, uma saga familiar proustiana sobre a vida em Portugal e na cidade de Lisboa no final do Séc XIX. “E descobri depois, por acaso, outros livros dele que estou agora a ler, mais precisamente “O Primo Basílio” e “202 Champs Elysées” que decorre em Paris, onde morreu, e “O Crime do Padre Amaro”. É genial. A reeditar”, afirmava nessa revista.
E ao que parece, este criador consagrado, dono de uma enorme biblioteca e que gostava também de editar, estaria mesmo interessado em editar toda a obra de Eça de Queiroz em França. As referências a Portugal nessa revista estendem-se ainda à música. Na secção Espectáculos Lagerfeld recomenda “la trés grande pianiste portugaise en son domaine privé (le dernier Concerto pour piano de Mozart)…. cela ne se refuse pas”. Karl Lagerfeld morreu no dia 19 de Fevereiro e não consta que alguma vez tivesse considerado a possibilidade de viver em Portugal, mas fica a curiosidade.
Carlos Tomé Sousa

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